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A AGRISHOW DA INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL

Postado em: 07/05/2019

Começamos a ver uma nova atração nesta grande feira: a profusão de jovens empresas de serviços digitais, as startups agtechs

Na semana passada estive na Agrishow – Feira Internacional de Tecnologia Agrícola em Ação, em Ribeirão Preto (SP). Ao longo dos últimos 25 anos, a Agrishow se consolidou como o grande ponto de encontro de fornecedores de máquinas e implementos com produtores rurais de todo o país. Tradicionalmente neste evento são feitos os lançamentos e a apresentação de novas versões dos equipamentos, atraindo a atenção de produtores ávidos por novas tecnologias e novidades.

Empresas tentam chamar atenção para suas novidades na Agrishow

Desde o ano passado começamos a ver uma nova atração nesta grande feira: a profusão de jovens empresas de serviços digitais, as startups agtechs. Apesar de não estarem diretamente ligadas às tradicionais empresas de máquinas, oferecem produtos complementares ou prestam serviços que agregam valor e produtividade no campo. O que em 2018 apareceu como novidade, nesta edição o espaço de startups já estava consolidado, com uma ampla área denominada Arena da Inovação.

Além das mais jovens, outras empresas de tecnologia já em fase mais avançada também estiveram presentes, mostrando que a digitalização do campo está evoluindo a passos largos. Menciono aqui duas que já vinham marcando presença e hoje estão consolidadas atendendo milhões de hectares e milhares de produtores rurais em diversas regiões.

Solinftec, que até pouco tempo era apresentada como startup, e no ano passado já debutou com estande próprio na Agrishow, veio com muito mais força e atraindo muita gente para o seu espaço. As soluções de conectividade, monitoramento das operações, automação e recomendação de ações em tempo real, foram algumas das ferramentas que interessaram tantos clientes na plataforma. Com 6 milhões de hectares monitorados, 30 mil equipamentos agrícolas conectados online, e 100 mil usuários interagindo diariamente nas operações, a massa de dados passou a ser expressiva. Isso oportuniza alcançar bons resultados com o uso de inteligência artificial e aprendizado de máquina. E é aqui que a empresa está focando. Aonde isso vai dar? Imagino que em grandes ganhos de produtividade e eficiência. E por isso o estande estava sempre cheio!

Veja mais sobre a Solinftec no AgEvolution: https://agevolution.canalrural.com.br/solinftec-aparece-em-ranking-de-maiores-agtechs-do-mundo/

Em outro lado da feira, me chamou atenção a Climate FieldView, que deixou de ser uma startup já em 2013 quando foi comprada pela Monsanto. Hoje está na plataforma de serviços da Bayer. Aqui também a quantidade de dados gerada é tremenda, a partir das ferramentas da plataforma que tem coleta de dados simplificada, bibliotecas digitais de mapas e armazenamento na nuvem, possibilitando o uso no campo, no escritório ou na casa do produtor. Ao caminhar nos estandes de máquinas e implementos, me deparei com alguns banners promovendo a conectividade dos produtos a venda com a plataforma FieldView, para mim uma novidade, veja abaixo as fotos com Baldan e Kuhn.

Veja mais sobre a Climate FieldView no AgEvolution: https://agevolution.canalrural.com.br/veja-como-funciona-a-plataforma-digital-climate-fieldview-da-bayer/

Banner FieldView na Baldan

Banner FieldView na Kuhn

Mas voltando as startups da Arena da Inovação, menciono algumas interessantes que vi, lembrando que em sua maioria, estão ainda em estágio inicial de atuação:

Agrobrazil mostra uma plataforma inédita que filtra, capta, analisa e organiza informações do mercado de compra e venda do boi gordo diariamente em tempo real. A solução é focada ao pecuarista, e quer resolver o problema da decisão de compra/venda a partir de dados de qualidade.

Digital Farms apresenta um sistema com acesso diário a mapas de satélite e inteligência com informações precisas no uso racional de fertilizantes e defensivos, estimando produção e com dados agregados de campo coletados em parceria com a Universidade de São Paulo (USP). Ainda monitora equipes e acesso a visitas programadas.

GoFarms é mais uma solução de gerenciamento da propriedade e das atividades dos trabalhadores. O principal diferencial é o foco na gestão das pessoas, melhorando o fluxo de informações e possibilitando uma solução mais rápida para um problema que ocorre na fazenda. Interessante é que a plataforma foi desenvolvida por produtores, resolvendo suas dores, e agora passa a ser disponibilizada ao mercado.

ModelWorks apresentou seus drones para pulverização agrícola, com as tradicionais vantagens de redução dos custos do serviço de pulverização aérea, riscos ambientais e aumento de produtividade.

Prime Field disponibiliza soluções tecnológicas embarcadas em campo, que possibilitam o uso de agricultura de precisão ou outras demandas de sinal em locais remotos, onde não existe conectividade. Seja permanente ou para demandas temporárias de safra.

SeeTree é uma startup israelense que usa drones, coleta de dados a campo e inteligência artificial para ajudar agricultores a otimizar a produtividade de suas árvores. Apesr de ser sua primeira participação na Agrishow, a empresa já está presente no Brasil com projetos em laranjais do interior de São Paulo. A partir dos dados coletados e uso de IA, são apresentados diagnósticos da saúde das plantas e recomendações de manejo para as melhores tomadas de decisão, com gestão mais eficiente dos pomares, aumentando a lucratividade.

Smart Sensing traz novamente a sua tecnologia de pulverização com o sistema WEEDit, que identifica plantas daninhas e realiza a pulverização direcionada. A tecnologia reduz significativa os custos de produção, melhora a eficiência de pulverização e contribui com o meio ambiente.

Sunalizer é uma plataforma online para contratação de projetos solares fotovoltaicos. Uma solução interessante neste mercado que está em franca expansão. O sistema conecta clientes a instaladores, garantindo rapidez e facilidade no processo de cotação e contratação do instalador. Apesar de nova, a empresa já desenvolveu projetos com mais de 4.000 megawatts em 55 projetos no Brasil, Chile, Peru e Argentina.

Além destas empresas, startups e ex-startups, ficou claro que a maioria das marcas, grandes ou pequenas, apresentou algum tipo de ferramenta tecnológica e alinhada ao processo de digitalização. Desde as grandes de tratores e colheitadeiras (JDeere, NewHolland, Massey) com seus sistemas integrados e conectados, até as pequenas ou pretensamente sem tecnologia embarcada, como a Belgo (arames), que apresentou seu aplicativo de projetos de cercas. O certo é que a tecnologia está cada vez mais disponível, nos mais diversos segmentos e cadeias, e está aí para ajudar o produtor a ser mais eficiente, produtivo e rentável. E todos ávidos por coletar dados dos produtores e de suas operações e atividades, afinal, como falam tanto no Vale do Silício, “os dados são o novo petróleo”.

Guilherme Vianna da Belgo, apresenta aplicativo que faz o planejamento de cercas de forma prática e rápida

Novamente a Agrishow foi um sucesso, com suas máquinas gigantes que enchem os olhos da maioria, e com todas estas novidades, que bem utilizadas, podem ajudar a encher o bolso de quem trabalha duro para produzir alimentos neste país. Parabéns aos organizadores desta que é considerada a maior feira de tecnologia Agro do país, e deixo meu abraço especial ao craque Francisco Maturro, que na presidência da Agrishow comanda uma grande equipe que garante este sucesso.

Donário visitando Chiquinho Maturro, presidente da Agrishow

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