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Brangus, a raça da adaptação

Postado em: 12/06/2020

Registros genealógicos da raça crescem no Brasil por sua fácil adaptação e ganhos

O Brangus, resultado do cruzamento de Angus com Zebu, surgiu nos Estados Unidos, em 1912. Mas é em solo brasileiro que se adaptou muito bem, mesmo diante da variabilidade climática e de biomas. Segundo a Associação Brasileira de Brangus (ABB), nos últimos cinco anos, a média de registros genealógicos do taurino saltou de 11 mil para mais de 15 mil, cerca de 29%, estando presente em quase todos os estados brasileiros. As vendas de sêmen também evoluíram 700% em dez anos. “Nosso país sofre influência de mais de 40 microclimas diferentes, há lugares em que ocorrem as quatro estações do ano no mesmo dia e a raça Brangus tem sido o denominador comum em todos eles”, observa o Ladislau Lancsarics, presidente da ABB.

A boa qualidade da carne que já conquistou o consumidor e ganhos acima da média em diferentes biomas brasileiros, tem conquistado os criadores. Docilidade, padronização, fertilidade e encurtamento do ciclo produtivo em, no mínimo seis meses, complementam o pacote de benefícios nas diferentes situações de manejo.

No bioma amazônico, por exemplo, chuva, alta umidade e calor extremo fazem parte do cotidiano dos animais, exigindo atenção especial ao manejo parasitário. Mesmo nestas condições, o Brangus ajuda fazendas a lucrar até 20% mais na produção de carne.

No Pantanal, os desafios são outros. Pela altitude próxima a zero, grande parte das planícies alaga no período chuvoso, além de outras restrições à pecuária extensiva, como temperatura elevada, acima dos 40º C em grandes áreas com a predominância de pasto nativo, pobre em nutrientes. Os números devem crescer no Pantanal à medida em que os pecuaristas conhecem os ganhos de heterose e de adaptabilidade oferecida pelo animal. 

No Sudeste destaque para a rusticidade de matrizes. Já no Cerrado brasileiro, os reprodutores em regime de braquiarão necessitam de aprumos fortes e adaptação a temperaturas extremas. Da mesma forma ocorre nos Pampas, a diferença está na ampla alternância térmica, que pode cair de 42º C no verão para as temperaturas negativas características do clima subtropical frio no inverno.Com muita ou pouca chuva, é uma das pouquíssimas raças taurinas com boa resistência ao carrapato, cuja infestação chega a níveis alarmantes no Rio Grande do Sul, onde se enfrenta problemas com a eficácia dos antiparisitários. A baixa oferta de forrageira nas pastagens nativas de inverno também se torna outro fator limitante à produtividade, e ainda assim o Brangus se supera.

Os resultados têm sido promissores de Norte a Sul do País. “Da cruza com o zebu nascem fêmeas adaptadas, de pelagem curta, férteis, precoces e de boa habilidade materna. Já os machos dão rendimento extra de carcaça e são abatidos mais cedo”, diz o consultor técnico Gerson Lima, que atende criadores há 28 anos.